
Manutenção Peugeot — Perguntamos a um Especialista Relatos de Problemas dos Proprietários
Por muitos anos, ter um Peugeot na garagem tornou-se quase sinônimo de enfrentar problemas mecânicos frequentes, pelo menos no imaginário popular. Mas será que essa má fama é merecida? Para descobrir as raízes dessa percepção, a equipe do site Oficinas BH visitou a oficina Pereira Peugeot Citroën, em Belo Horizonte. Lá, a reportagem conversou com o proprietário Wellington, um especialista que lida diariamente com veículos da marca, sobre as questões mais comuns enfrentadas pelos proprietários.
Wellington explica que os modelos Peugeot que chegaram ao país no fim dos anos 1990 e início dos 2000, como o icônico 206, traziam um nível de tecnologia embarcada bem à frente dos concorrentes nacionais. Naquela época, porém, predominava entre os motoristas brasileiros a cultura da “manutenção corretiva” — em outras palavras, só se levava o carro à oficina quando ele já apresentava algum defeito, em vez de prevenir problemas. Recursos eletrônicos e sistemas complexos, novidade para muitos mecânicos na época, exigiam cuidados e conhecimentos que eram raros fora das concessionárias.
Essa combinação se mostrou problemática: as oficinas independentes e mecânicos da época, em sua maioria, não estavam preparados para lidar com sistemas tão modernos. Com a falta de manutenção preventiva adequada, falhas simples acabavam se transformando em defeitos sérios, deixando os proprietários frustrados. O resultado foi uma má fama crescente de que os Peugeot eram “carros problemáticos”, reputação que, para muitos, perdura até hoje.
Um exemplo claro disso era o modo ECO, presente em vários modelos da marca, que se ativava automaticamente em situações de economia de energia — como quando a bateria estava fraca ou havia falhas em sensores e módulos eletrônicos. Sem conhecimento técnico e ferramentas de diagnóstico compatíveis, muitos mecânicos interpretavam erroneamente essa função como um defeito grave. Isso levava à substituição desnecessária de componentes caros, como a central eletrônica (ECU), bobinas, sensores e até chicotes, quando na verdade o problema, em muitos casos, era algo simples, como uma bateria descarregada ou um componente isolado com falha.
Wellington reconhece que, como qualquer montadora, a Peugeot teve seus “calos”. Alguns problemas crônicos em certos modelos acabaram se tornando conhecidos, como o desgaste prematuro da bucha do eixo traseiro nos 206/207 ou o endurecimento da direção no 308. Entretanto, ele ressalta que grande parte dos contratempos enfrentados pelos proprietários surgia mais da falta de manutenção preventiva e de conhecimento técnico do que de falhas graves de projeto. Em outras palavras, muitos dos “defeitos” atribuídos à marca poderiam ser evitados com cuidados adequados e revisões periódicas.
No restante do artigo, detalhamos os problemas mais comuns relatados pelos proprietários e apresentamos a visão do especialista, mostrando que, muitas vezes, a chave para evitar dores de cabeça está na manutenção preventiva.

Relatos de Proprietários — O Que Dizem os Donos de Carros Peugeot
Para aprofundar nossa análise, fizemos uma varredura em sites e fóruns especializados em manutenção automotiva, além da nossa caixa de perguntas do instagram, reunindo comentários reais de proprietários que relataram experiências com seus veículos Peugeot. Abaixo, apresentamos cinco relatos, destacando o nome do usuário, sua avaliação e a plataforma onde o comentário foi publicado.
Cada citação é seguida pela análise do especialista em manutenção, que esclarece se o problema é crônico ou isolado. Também fornecemos, em uma tabela simples, a possível causa, formas de prevenção e soluções recomendadas para cada situação.
🚗 1. Peugeot 208 Griffe 1.6 AT 2014/2015
Proprietário: Gabriel – Dono há 2 anos – 96.000 km
Comentário: “Carro muito bom com algumas ressalvas.”
Defeitos apresentados:
- Sensor da ventoinha queimado.
- Seletor de marchas travado.
🔧 Análise do especialista:
O câmbio automático de 4 marchas usado neste modelo (AL4) é conhecido por apresentar funcionamento impreciso em trocas de marcha, especialmente em subidas ou reduções bruscas. Isso se agrava com falta de atualização de software e troca de fluido negligenciada.
O sensor da ventoinha é um componente vital do sistema de arrefecimento e pode falhar com o tempo devido à oxidação, superaquecimento ou falhas no chicote elétrico.
Já o seletor de marchas travando indica falha mecânica interna ou desgaste nos contatos do circuito da alavanca.
📋 Tabela de análise:
Problema | Possível causa | Prevenção |
---|---|---|
Sensor da ventoinha queimado | Oxidação ou falha no chicote | Revisar sistema de arrefecimento e conexões elétricas |
Seletor de marchas travado | Acúmulo de sujeira ou desgaste dos contatos | Lubrificação periódica e limpeza preventiva |
Trocas imprecisas no câmbio | Fluido velho ou software desatualizado | Troca regular do fluido e reprogramação eletrônica |
Suspensão rígida | Curso curto, característica de projeto | Uso de pneus com perfil adequado e calibragem correta |
Barulho em pisos irregulares | Desgaste nos batentes e coxins | Inspeções a cada 10.000 km |
🚗 2. Peugeot 308 Feline 1.6 THP AT 2012/2013
Proprietário: Gabriel – Dono há 1 ano – 110.000 km
Comentário: “Pelo valor do carro, mesmo com as manutenções acho superior aos concorrentes do segmento“.
Defeitos apresentados:
- Kit corrente trocado.
- Coxins de suspensão e retentores substituídos.
- Histórico de bomba de alta e tampa de válvulas trocadas.
🔧 Análise do especialista:
O motor THP é excelente em desempenho, mas exige atenção. O kit corrente costuma se desgastar precocemente se o óleo estiver fora da especificação (totalmente sintético 0W30 ou 5W30) ou se houver intervalos longos de troca.
Os coxins sofrem com o torque elevado do motor turbo, e os retentores podem ressecar com calor excessivo. A tampa de válvulas, com respiro integrado, é famosa por vazar óleo. A bomba de alta pode apresentar falhas por combustível de má qualidade ou excesso de sujeira.
📋 Tabela de análise:
Problema | Possível causa | Prevenção |
---|---|---|
Desgaste precoce da corrente | Troca irregular de óleo / óleo errado | Trocar óleo a cada 7.000 km com especificação correta |
Vazamento na tampa de válvulas | Material plástico ressecado / pressão interna | Verificar folgas e trocá-la a cada 60 mil km |
Falha na bomba de alta pressão | Gasolina adulterada / sujeira | Usar combustível aditivado e filtro sempre em dia |
Coxins de motor estourados | Vibração do motor / tempo de uso | Inspeção visual a cada 20 mil km |
Retentores com vazamento | Envelhecimento ou superaquecimento | Revisar sistema de ventilação do motor |
🚗 3. Peugeot 207 XR Sport 1.4 8V 2012/2013
Proprietário: Rafael – Dono há 2 anos – 106.000 km
Comentário: “Melhor custo-benefício.”
Defeitos apresentados:
- Troca preventiva da correia dentada.
- Caixa de direção batendo.
- Marcador de combustível com falha após troca de bateria.
🔧 Análise do especialista:
A correia dentada deve ser trocada a cada 60.000–80.000 km, sendo comum o valor informado. A caixa de direção batendo é uma falha frequente em modelos compactos da Peugeot/Citroën, causada por folgas internas e buchas desgastadas.
O marcador de combustível travando é típico após substituição de bateria feita sem desligar o painel, o que pode causar “bugs” no sistema BSI (módulo eletrônico de carroceria).
📋 Tabela de análise:
Problema | Possível causa | Prevenção |
---|---|---|
Caixa de direção com folga | Desgaste em buchas ou cremalheira | Revisar e reapertar a cada 20.000 km |
Falha no marcador de combustível | Reset incorreto do sistema eletrônico (BSI) | Trocar bateria com o painel desligado ou com scan tool |
Barulhos na suspensão | Desgaste em coxins e bieletas | Lubrificação e reaperto em revisões |
Correia dentada trocada | Manutenção preventiva | Seguir cronograma de quilometragem rigorosamente |
Falha elétrica intermitente | Conexões frouxas após troca de bateria | Conferir chicotes e conectores após manutenção elétrica |
🚗 4. Peugeot 3008 G2 Griffe 1.6 2018/2019
Proprietário: Felipe – Dono há 1 ano – 71.000 km
Comentário: “Saí de um Chevrolet Cruze, o Peugeot 3008 está bem acima em qualidade e acabamento.”
Defeitos apresentados:
- Bico injetor queimado (R$ 3.000).
- Contaminação do arrefecimento por óleo da transmissão (R$ 2.500).
🔧 Análise do especialista:
O bico injetor nos motores THP pode sofrer falhas precoces se for utilizado combustível de baixa qualidade ou se houver carbonização nas válvulas. A contaminação do sistema de arrefecimento por óleo da transmissão indica falha no trocador de calor, que pode ressecar com o tempo e gerar mistura indesejada de fluidos.
📋 Tabela de análise:
Problema | Possível causa | Prevenção |
---|---|---|
Queima de bico injetor | Combustível ruim ou carbonização | Usar gasolina aditivada e limpeza de bicos a cada 30 mil km |
Mistura de óleo no arrefecimento | Ressecamento do trocador de calor | Troca preventiva do trocador após 5 anos ou 80 mil km |
Perda de potência intermitente | Injetores sujos ou falhando parcialmente | Scanner a cada revisão e uso de aditivos |
Superaquecimento após contaminação | Baixo desempenho do arrefecimento | Trocar fluido e limpar o sistema após reparo |
Aumento de consumo de combustível | Bicos desregulados ou carbonização interna | Manutenção periódica do sistema de alimentação |
🚗 5. Peugeot 307 Presence 1.6 2008/2009
Proprietário: Adriel – Dono há 6 anos – 160.000 km
Comentário: “Gosto muito do carro, mas até pela idade, sinto que os problemas estão cada vez mais frequentes, principalmente a suspensão e o arrefecimento”.
Defeitos apresentados:
- Trocas múltiplas de bieletas.
- Sensor termostato trocado 2 vezes.
- Vazamento na junta do cabeçote.
🔧 Análise do especialista:
As bieletas no 307 são de baixa resistência, especialmente em pisos ruins. O sensor termostato é sensível e pode ser danificado por picos térmicos. O vazamento da junta do cabeçote indica possível superaquecimento anterior ou torque mal aplicado em serviços passados.
📋 Tabela de análise:
Problema | Possível causa | Prevenção |
---|---|---|
Troca frequente de bieletas | Peças frágeis e piso irregular | Substituição por bieletas reforçadas |
Sensor termostato queimado | Picos de temperatura ou falha do conector | Verificar chicotes e sistema de arrefecimento |
Vazamento na junta do cabeçote | Superaquecimento ou montagem incorreta | Verificar bomba d’água, torque correto em serviços prévios |
Ar quente não funcionando | Ar no sistema ou válvula termostática travada | Sangria correta após troca de fluido |
Aquecimento em trânsito intenso | Ventoinha ou válvula termostática falhando | Inspeção com scanner em todas revisões |

FAQ sobre Problemas Comuns em Modelos Peugeot
1. Por que o sensor da ventoinha do radiador falhou e fez o motor do meu Peugeot superaquecer?
O sensor de temperatura que aciona a ventoinha pode falhar com o tempo ou por mau contato elétrico. Quando ele falha, a ventoinha do radiador não liga na hora certa e o motor pode superaquecer. Isso costuma ser causado por desgaste do sensor ou oxidação nos conectores, especialmente se o líquido de arrefecimento estiver sujo.
Prevenção: mantenha o sistema de arrefecimento limpo, com aditivo de qualidade e revisões periódicas.
2. Meu câmbio automático travou na posição “P”. Por que o seletor de marchas fica preso?
O travamento pode ocorrer se o sensor do pedal de freio estiver com defeito ou a bateria estiver fraca. O câmbio automático tem um sistema de segurança que só libera a alavanca se o pedal for pressionado.
Prevenção: verifique regularmente o funcionamento do sensor do freio e mantenha a bateria em boas condições. Use sempre o freio de mão ao estacionar antes de colocar em “P”.
3. Por que a corrente de comando do motor 1.6 THP do meu Peugeot desgasta tão rápido e faz barulho?
Esse problema ocorre quando há uso de óleo fora da especificação ou troca tardia. A corrente pode afrouxar e gerar ruído metálico, especialmente na partida.
Prevenção: troque o óleo no tempo certo (a cada 7.000–10.000 km) e use sempre o tipo recomendado no manual do proprietário.
4. A bomba de alta pressão de combustível do meu Peugeot queimou. O que pode ter causado isso e como prevenir?
Combustível de má qualidade e uso constante do tanque na reserva podem forçar a bomba de alta, levando ao superaquecimento e falha.
Prevenção: abasteça com gasolina de qualidade, evite andar com o tanque quase vazio e troque o filtro de combustível nos intervalos recomendados.
5. A caixa de direção do meu Peugeot apresentou folga e vazamento. Por que esse problema acontece?
Folgas e vazamentos aparecem por desgaste de peças internas e vedadores, agravados por buracos e falta de manutenção.
Prevenção: evite impactos fortes nas rodas, mantenha pneus calibrados e faça alinhamento e revisão da suspensão periodicamente.
6. Depois de trocar a bateria do meu Peugeot, o marcador de combustível travou no vazio. Por que isso acontece?
Ao desconectar a bateria sem seguir o procedimento correto, o módulo eletrônico pode perder a leitura do nível de combustível.
Prevenção: aguarde alguns minutos com o carro desligado antes da troca da bateria e reative o sistema com a ignição ligada após reconectar.
7. Um bico injetor do meu Peugeot queimou. O que pode causar isso e como evitar?
O bico pode queimar por entupimento ou excesso de sujeira, especialmente com combustível adulterado. Isso afeta o desempenho e causa falhas no motor.
Prevenção: abasteça em locais confiáveis, use aditivos periodicamente e faça limpeza dos bicos a cada 30.000 km.
8. Encontrei o líquido de arrefecimento do meu Peugeot marrom e com borra. O que pode ter causado essa contaminação?
Pode ser resultado da mistura de óleo com água, geralmente por falha no trocador de calor ou na junta do cabeçote.
Prevenção: use aditivo apropriado, troque o fluido conforme o manual e fique atento a alterações de cor ou nível do líquido.
9. As bieletas de suspensão do meu Peugeot vivem quebrando ou folgando. Por que isso acontece e como evitar?
Elas se desgastam com o tempo, especialmente em estradas ruins. Em alguns modelos, as bieletas são frágeis e exigem substituições frequentes.
Prevenção: dirija com cuidado em pisos irregulares e solicite a instalação de bieletas reforçadas, se possível.
10. A junta do cabeçote do meu Peugeot queimou e começou a vazar. Por que isso acontece e como prevenir?
O superaquecimento do motor é a principal causa. Quando o motor aquece demais, a junta perde a vedação e pode misturar óleo e água.
Prevenção: monitore o nível e a temperatura do motor, mantenha o sistema de arrefecimento em boas condições e evite andar com o motor quente.
Esperamos que tenha gostado do nosso artigo, se você estiver com dúvidas, ou caso precise de mais informações sobre a manutenção e revisão preventiva em veículos Peugeot, a Pereira Peugeot e Citroen é oficina especializada em Belo Horizonte:
Endereço: Av. Sebastião de Brito, 1229 – Dona Clara, Belo Horizonte – MG
Telefone: (031) 3493-4003
WhatsApp: (031) 99229-0116
Funcionamento: Segunda à Sexta: 08hs às 18hs